Dados levantados pelo jornal Folha de São Paulo mostram que só a Noruega destinou para a proteção da Amazônia, pelo Fundo Amazônia, desde 2015, R$ 1,75 bilhão. Enquanto que deputados e senadores destinaram apenas R$ 520 milhões para o Ministério do Meio Ambiente. Nesse período, o montante recebido pelo Fundo foi de mais de R$ 2 bilhões, ou seja, os aportes do país nórdico foram responsáveis por 87,5% do total nos últimos dez anos. A matéria é assinada pelos jornalistas Flávio Ferreira e Jullia Gouveia.
A Noruega anunciou uma nova doação de US$ 60 milhões (cerca de R$ 300 milhões) ao Fundo Amazônia, reforçando seu compromisso com a preservação ambiental da floresta. O valor é maior do que o total destinado por diversos parlamentares da Amazônia Legal — incluindo os representantes de Rondônia — por meio de emendas federais.
Criado para financiar projetos de combate ao desmatamento e incentivo ao uso sustentável da floresta, o Fundo Amazônia já movimentou bilhões desde que foi lançado, sendo a Noruega e a Alemanha os principais doadores internacionais.

Em Rondônia, no entanto, os valores aplicados por meio de emendas parlamentares seguem bem abaixo das cifras doadas pelos países estrangeiros. Dados oficiais indicam que, em 2024, o Estado recebeu aproximadamente R$ 91 milhões em emendas — sendo cerca de R$ 70 milhões de bancada e R$ 21 milhões de emendas individuais.
A diferença chama atenção: enquanto o país europeu injeta centenas de milhões de reais em ações ambientais, os parlamentares rondonienses direcionam quantias muito menores, mesmo com a importância do Estado dentro da Amazônia Legal.
Especialistas apontam que esse contraste revela uma dependência crescente de recursos internacionais para manter projetos de conservação e monitoramento ambiental. Rondônia, que enfrenta altos índices de desmatamento e queimadas, ainda busca fortalecer políticas públicas com orçamento próprio e maior apoio federal.
O Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, destina recursos a programas e projetos que atuam na prevenção do desmatamento, recuperação de áreas degradadas e desenvolvimento sustentável. O desafio, porém, é garantir que esses valores cheguem de forma justa e eficiente aos estados mais afetados pela degradação ambiental — entre eles, Rondônia.
