
A empresária Lohanna Gutiergue, conhecida nas redes sociais por seus mais de 9 mil
seguidores no Instagram, foi presa nesta quarta-feira (27) em uma operação conjunta do Ministério Público
de Rondônia (MPRO), Polícia Militar e Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Ela é
acusada de explorar crianças de 9 a 12 anos, obrigando-as a vender doces nos semáforos de Porto Velho. A
denúncia revelou um esquema organizado, que incluía recrutamento pelas redes sociais e exposição das
crianças em vídeos publicados.
Recrutamento pelo Instagram
Lohanna utilizava seu perfil no Instagram para atrair crianças e adolescentes, passando-se por uma
empresária solidária, oferecendo “oportunidades” de trabalho para ajudar no sustento familiar. Vídeos
divulgados em suas redes mostravam as crianças vendendo bolos de pote em sinais de trânsito, como
uma suposta estratégia motivacional. No entanto, o Ministério Público descobriu que essas crianças
estavam sendo exploradas de forma abusiva e ilegal.
Condições degradantes
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, a polícia encontrou quatro crianças vivendo
em condições insalubres na residência da empresária. Elas dormiam em colchões no chão, vestiam roupas
sujas e enfrentavam metas rigorosas de vendas, registradas em um caderno que foi apreendido como
prova.
“Essas crianças não estavam apenas sendo exploradas economicamente, mas também submetidas a um
ambiente que comprometia sua dignidade e segurança. Elas eram forçadas a vender doces até tarde da
noite, sem qualquer assistência adequada”, explicou a delegada Cheila Mara Bertoglio
Prisão e provas
Lohanna foi presa em flagrante e enfrenta acusações de exploração de trabalho infantil, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Entre as provas recolhidas estão o caderno de metas, imagens das redes sociais e depoimentos das crianças resgatadas. A empresária deve responder também por manter duas de suas próprias filhas em condições semelhantes às das crianças recrutadas.
A operação foi destacada pelo promotor André Almeida como um exemplo da importância de ações conjuntas para combater o trabalho infantil. “É inadmissível que em pleno século XXI ainda presenciemos crianças sendo submetidas a situações de exploração para enriquecimento de terceiros. Estamos trabalhando para garantir que os responsáveis sejam punidos e que essas crianças recebam o cuidado e a proteção que merecem”, disse o promotor.
Impacto social e alerta
As quatro crianças foram encaminhadas ao Conselho Tutelar, que providenciará suporte psicológico e social. Duas delas são filhas da própria investigada, enquanto as outras pertencem a outra pessoa, também sob investigação.
Especialistas destacam que o uso de redes sociais para aliciamento e exploração infantil é uma prática crescente e preocupante. A Polícia Civil e o Ministério Público reforçam a importância de denúncias para combater esses crimes e proteger os direitos das crianças.
Desdobramentos legais
Lohanna permanece presa e à disposição da Justiça. A Vara da Infância e Juventude de Porto Velho determinou a prioridade no andamento do caso devido à gravidade das acusações. O Ministério Público continuará investigando possíveis conexões com outras pessoas que poderiam estar envolvidas no esquema.
Enquanto isso, a sociedade civil e as autoridades de Rondônia clamam por punições rigorosas e ações que previnam casos similares, garantindo que os direitos das crianças sejam respeitados e protegidos.
